Atendimentos e Disfunções

Constipação intestinal

Já ouviu falar no termo enfezado? Significa irritado, aborrecido, acomedido de fezes.

Distensão abdominal, flatulência, dor, empachamento, sensação e peso no reto, e irritabilidade são alguns sinais de que o intestino não está funcionando bem.

A constipação intestinal afeta cerca de 15% da população adulta, mas pode atingir todas as faixas etárias, é o 6º. sintoma gastrointestinal mais comum, sua prevalência é maior em mulheres e pacientes institucionalizados.

Por consenso define-se constipação intestinal a disfunção caracterizada pela dificuldade de evacuar, onde o número de evacuações é reduzido (menos de 03 episódios por semana) e o esvaziamento é incompleto.

Para caracterizar constipação o paciente deve referir a presença de pelo menos 02 desses sintomas há 6 meses em 25% das evacuações:

  • Dor ou Esforço para evacuar
  • Fezes endurecidas
  • Necessidade de usar laxativos
  • Sensação de esvaziamento incompleto
  • Sensação de Bloqueio/obstrução anorretal
  • Necessidade de auxílio manual para evacuar

A constipação não está relacionada apenas à alimentação inadequada como muitos acreditam, veja abaixo os fatores etiológicos envolvidos na constipação intestinal:

  • Dieta – bolo alimentar ou quantidade de fibras insuficiente na dieta, e ingestão inadequada de líquidos
  • Alteração dos Hábitos Intestinais – Negligencia ao reflexo de defecação postergando a evacuação, e uso excessivo de laxantes ou enemas
  • Imobilidade prolongada ou sedentarismo (falta de atividade física)
  • Fatores Ambientais – Incapacidade de utilizar o sanitário sem assistência, ambiente não-familiar ou pressa na defecação, desidratação, mudança nos habitos evacuatórios passando a usar fraldas ou “comadre”, falta de privacidade
  • Medicações – Analgésicos, opióides, quimioterápicos, anticolinérgicos
  • Distúrbios neurológicos, endócrinos e metabólicos – Hipotireoidismo, diabetes, desidratação, desnutrição, hipercalcemia, hipocalcemia, hiponatremia, lesões nervosas
  • Fatores psicológicos – traumas de infância, abuso sexual, depressão, estresse
  • Problemas Intestinais – Anormalidades anatômicas, disbiose, síndrome do intestino irritável, diverticulite, cancer, estenose actínica, estenose cicatricial, inércia colônica (trânsito intestinal lento sem causa definida), redução da sensibilidade retal
  • Distúrbios do esvaziamento do reto – anismo (síndrome da contração paradoxal do puborretal), descencio perineal, incoordenação ou fraqueza dos músculos envolvidos na evacuação
  • Inabilidade para aumentar a pressão intra-abdominal – qualquer comprometimento do diafragma ou músculos abdominais

A constipação intestinal também pode acarretar ou acentuar as complicações abaixo:

  • Hemorróideas
  • Fissura anal
  • Prolapsos (retocele)
  • Incontinência fecal por transbordamento
  • Incontinência anal devido à danos aos nervos e ao esfíncter por esforço evacuatório freqüente, etc.

Além das complicações acima citadas não podemos deixar de falar sobre o uso de laxantes pelos pacientes que sofrem de constipação, pois também é preocupante. Essas substâncias com o passar do tempo e uso freqüente comprometem o plexo mioentérico e modificam a mucosa intestinal. Devemos alertar para dependência que esses laxativos causam, dificultando cada vez mais o funcionamento intestinal e a evacuação, além de aumentar o risco de desenvolver um carcinoma de cólon.

O Diagnóstico é feito através da exclusão de doenças orgânicas, intestinais, ou sistêmicas e da investigação de um “distúrbio funcional”. Alguns exames como tempo de trânsito colônico, videodefecografia, e manometria anorretal são fortes aliados no diagnóstico de pacientes com constipação idiopática, pois com esses exames é possível diferenciar a inércia colônica, do distúrbio difuso de motilidade, e da obstrução funcional distal.

Para tratamento da constipação intestinal e de suas complicações a fisioterapia conta com diversos recursos como: eletroterapia, biofeedback eletromiográfico, balonete, treino evacuatório, terapia comportamental, laserterapia, radiofreqüência, treino dos músculos do assoalho pélvico e abdominais, ginástica abdominal hipopressiva, terapias manuais, miofasciais, etc. Através da avaliação o fisioterapêuta irá verificar o tipo de disfunção e assim eleger os recursos aplicáveis a cada caso.

A fisioterapia irá atuar na normalização da sensibilidade retal, no alívio da dor, na ativação do peristaltismo, na neuromodulação, na normalização do tônus muscular de repouso, e da força do assoalho pélvico, promover o relaxamento esfincteriano adequado, melhorar o susporte e sustentação dos órgãos pélvicos, realizar treino de coordenação e controle muscular abdomino-pélvico para a evacuação, atuar nas alterações miofascias, auxiliar na cicatrização e na mehora do fluxo sanguíneo local.

A fisioterapia pélvica tem o objetivo de melhorar a funcionalidade e devolver a qualidade de vida do paciente!

Observe as imagens abaixo. Para ter uma idéria do seu grau de constipação responda as questões a seguir e tente identificar seu tipo de fezes.

Fonte: Consenso Brasileiro de Constipação Intestinal, Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2009  

Dra Viviane Ferraz Monteiro Fernandes

Especialista em Fisioterapia Pélvica, há mais de 12 anos
Crefito-11/158873-F