Atendimentos e Disfunções

Incontinência

Foi só uma gotinha… será que é incontinência?

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o conceito de incontinência é qualquer perda involuntária, seja ela de urina, fezes ou gases, independentemente da quantidade. Se a pessoa não consegue segurar gotinhas ou pequenos jatos, e perde o controle voluntário, já é considerada incontinente.

A incontinência não é só um problema físico, ela também é um problema emocional e social à medida que as pessoas deixam de realizar atividades da vida diária, e evitam o convívio social, muitas vezes por se sentirem constrangidas.

Outro conceito errôneo, mas também comum, é o de que naturalmente com o processo de envelhecimento ficaremos incontinentes, fazendo uma associação da incontinência apenas com à idade do indivíduo.

Você sabia que pessoas jovens também podem apresentar incontinência, inclusive crianças?

Diversos fatores contribuem para que o indivíduo se torne incontinente: a obesidade, a atividade física de alto impacto, a multiparidade (muitas gestações e partos), o tabagismo, a prisão de ventre crônica, o diabetes, o déficit de estrogênio, causas neurológicas, iatrogenias, dentre outras, não estando a incontinência relacionada apenas ao envelhecimento.

A incontinência urinária é 2 x mais comum em mulheres do que em homens. Em geral ela aparece nos homens após os 50 anos de idade devido à problemas de próstata.

A incontinência urinária (IU) pode apresentar-se de várias formas, e a característica da perda é um dado importante para suspeitarmos o que está ocorrendo. O diagnóstico é feito pelo médico urologista através da história clínica do paciente, do exame físico, da pesquisa de perda urinária, do diário miccional, e também do estudo urodinâmico quando necessário.


Principais tipos de Incontinência Urinária:

Incontinência urinária de esforço – Ocorre ao tossir, espirrar, caminhar, correr, pular, etc. Devido à fraqueza dos músculos do assoalho pélvico que não são capazes de suportar o aumento da pressão abdominal durante essas atividades levando a perdas urinárias, desde gotinhas até grandes quantidades.

Incontinência urinária de urgência – Nesse tipo de incontinência a perda está associada a um desejo súbito, imperioso e urgente de urinar. A pessoa não consegue chegar ao banheiro, perde urina no caminho. Esses pacientes podem apresentar também perda urinária durante o sono (enurese) e aumento da frequência urinária, pois sentem uma vontade de urinar intensa, mesmo sem volume que justifique a ida ao banheiro.

Incontinência urinária mista: É a associação das incontinência anteriores, algumas pessoas apresentam os dois tipos de sintomas.

Incontinência urinária paradoxal: Esse tipo de incontinência ocorre devido a dificuldade no esvaziamento. Quando a bexiga está muito cheia, a perda urinária acontece por “transbordamento”.

03 fatores podem estar associados a esse tipo de incontinência:

  • Bexiga “preguiçosa” – diminuição da contratilidade do músculo da bexiga dificultando o esvaziamento completo
  • Fatores obstrutivos diversos, como por exemplo, o aumento da próstata
  • Perda da sensibilidade, os pacientes não percebem que a bexiga está cheia Esses pacientes podem apresentar ainda sintomas como urgência, aumento da frequência, sensação de esvaziamento incompleto após urinar, jato urinário fraco, lento ou intermitente, gotejamento constante. Nesse caso o tratamento consiste em melhorar o esvaziamento da bexiga, preservando assim a função renal.

Além disso devemos considerar também a Incontinência Psicogênica, que está relacionada à problemas emocionais, a Incontinência Transitória, que pode ser causada por infecções urinárias, ação de medicamentos, entre outros quadros clínicos temporários, e ainda a Incontinência Funcional, que embora o sistema urinário funcione bem, existem limitações físicas, mentais e outras circunstâncias que impeçam o indivíduo de chegar ao banheiro.

Então, se a incontinência aparecer, não se desespere! Diversos recursos podem ser utilizados, como fisioterapia, orientações dietéticas, mudanças comportamentais, medicamentos ou cirurgia.

É importante que inicialmente seja feita uma avaliação para eleger a melhor conduta terapêutica.

A FISIOTERAPIA PÉLVICA tem alto nível de evidência científica, é considerada padrão OURO no tratamento conservador da incontinência.

Os EXERCÍCIOS PARA MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO são a primeira linha de tratamento para as incontinências de esforço, e podem ser usados também como prevenção!!!

Estudos indicam que a fisioterapia não pode ser substituída por nenhuma outra técnica alternativa até o momento. Não há evidências científicas que demonstrem que exercícios alternativos como Pilates, Yoga, RPG e outros possam reduzir a perda urinária, portanto NÃO substituem a fisioterapia pélvica.

A grande maioria dos casos de incontinência tem solução, muitas vezes não há necessidade de cirurgia! Quanto mais precocemente é feita a intervenção, menor é o tempo de tratamento, e melhor é o resultado.

Não deixe o tempo passar, pois a incontinência pode aumentar! Procure tratamento especializado!

Dra Viviane Ferraz Monteiro Fernandes

Especialista em Fisioterapia Pélvica, há mais de 12 anos
Crefito-11/158873-F