Qualquer mulher pode usar bolinhas de ben-wa ou cones vaginais?

Como se apresenta o tônus da musculatura? É normal? Apresenta flacidez ou hipertonia?

Qual é o tamanho ideal do acessório?

Com que peso deve iniciar? 20gr, 40gr, 60gr, 80gr, 100gr, 120gr…?

Quais exercícios deve realizar? Por quanto tempo?

A história clinica e as queixas devem ser levadas em consideração na escolha do dispositivo?

O paciente apresenta incontinência? Prolapsos? Constipação? Sente dor na relação sexual? Tem queixa de flacidez ou vagina larga? Anorgasmia? Tem pouca lubrificação ou excesso? Qual é a história obstétrica? E a obesidade influência também?

É importante conhecer o próprio corpo? Como saber se estou contraindo CORRETAMENTE a musculatura do assoalho pélvico?

E a funcionalidade? Será que é importante entender que funções essa musculatura desempenha? Será que essas funções poderão ser prejudicadas com a utilização de um recurso inadequado?

É necessário investir em tecnologia como dispositivos que se conectam a aplicativos de celular, etc?

E expectativa? E as metas? Será que necessitam ser ajustadas?

Atenção às questões acima, elas devem ser levadas em consideração antes escolher um “SIMPLES” acessório para o treino dos músculos do assoalho pélvico.

Imaginem se ao entrar numa academia de ginástica todos os alunos realizassem o mesmo tipo de exercício sem passar por uma avaliação? Nesse caso haveria o risco de fadiga, lesões, atraso na evolução, etc. No treino dos músculos do assoalho pélvico isso não é diferente, o peso, o tipo de exercício e o tempo de terapia devem ser prescritos de acordo com as particularidades de cada indivíduo, observando principalmente as condições de cada musculatura, possibilitando assim um ganho maior e evitando problemas funcionais.

O autoconhecimento também é indispensável para obter sucesso com o treinamento proposto. Estudos indicam que 30% a 50% das mulheres não conhecem sua anatomia, não sabem onde está localizada, e não consegue contrair a musculatura do assoalho pélvico. Portanto, antes de iniciar qualquer treino, é indispensável que a mulher aprenda a acionar corretamente, e adquira uma boa coordenação e controle desses músculos. Para tal, a fisioterapia conta com diversos recursos como biofeedback e reeducadores perineais diversos. Nesse caso alguns acessórios são indicados também, e a tecnologia pode ajudar bastante tornando o trabalho mais dinâmico, facilitando a compreensão dos movimentos. Mas ela não é indispensável, se o paciente for bem orientado poderá com baixo custo utilizar recursos que proporcionaram os mesmos resultados.

Bolinhas de ben-wa e cones vaginais são indicados para reforço muscular e propriocepção, mas é necessário que o paciente passe por uma avaliação, pois o uso indevido desses dispositivos pode ser prejudicial, por exemplo, no caso de uma hipertonia muscular, podendo piorar quadros de dor na relação sexual, dificuldade de evacuação e esvaziamento da bexiga. Nesse caso, antes de utilizar os “pesinhos” é necessário que seja feito um trabalho de normalização do tônus da musculatura.

O tamanho, formato e textura também fazem diferença na escolha do acessório, em casos como os de flacidez, vaginas menores, maiores ou mais largas, excesso de lubrificação etc., alguns dispositivos irão se adaptar melhor à cavidade vaginal do que outros, permitindo uma maior efetividade no trabalho.

É comum as mulheres adquirirem acessórios e acabarem não utilizando por não conseguirem realizar os exercícios, ou por não atender à sua expectativa, gerando frustração. É importantíssimo que as metas estejam bem definidas e as expectativas ajustadas de acordo com a condição de cada mulher !

Em resumo, os benefícios não estão apenas em fortalecer os músculos, e sim torná-los mais funcionais! Os acessórios quando bem indicados, auxiliam no autoconhecimento, no treino da musculatura do assoalho pélvico, na melhora da lubrificação, da vascularização e do prazer. São excelentes ferramentas, utilizadas como coadjuvantes no tratamento para restabelecer as funções sexual, urinária, evacuatória, e de suporte dos órgãos.

Mas atenção: Acessórios sozinhos ou mal indicados não tratam disfunções!

Portanto, antes de começar submeta-se a uma avaliação com fisioterapeuta pélvico, tire todas as dúvidas e receba as orientações adequadas.

Potencialize seus resultados, cuide da sua saúde íntima!

Dra Viviane Ferraz Monteiro Fernandes
Dra Viviane Ferraz Monteiro Fernandes

Especialista em Fisioterapia Pélvica, há mais de 12 anos
Crefito-11/158873-F